Aquela tarde de sábado com sol
brilhando e temperatura amena brindava minha felicidade. Uma caminhada pelas ruas,
ainda úmidas pela chuva leve que caira no período da manhã, me davam a
oportunidade de organizar as ideias e estruturar alguns projetos que tinha em
mente.
Essa prática, comum nas minhas
tardes de sábado, foi interrompida pelo inusitado. Uma daquelas boas surpresas
que a vida apronta.
Havia um grupo de crianças na
praça, organizadas em pequenas mesas que se espalhavam na calçada central.
Algumas mulheres, provavelmente suas professoras, davam algumas instruções de
como as crianças deveriam se portar diante das pessoas que ali passavam. Sobre
as mesas, placas com dizeres bem visíveis: ABRAÇOS GRÁTIS. QUER O MEU?
Parei meio ao longe na
tentativa de observar a reação das pessoas, sem que minha reação pudesse ser notada
ou testada. Minha tentativa foi em vão. Ao meu lado, puxando pela minha camisa,
uma menina com sorriso leve e olhar cativante, sem pronunciar qualquer palavra
ou dar alguma chance, me pegou pela mão para levar até a pequena mesa onde ela
distribuía seus singelos abraços. Mudo, não pude resistir ao pedido. Antes do
abraço, porém, deveria sentar em um pequeno banco, onde iríamos conversar por
alguns instantes.
Para minha surpresa ela não
falava, mas gesticulava. Estava tentando se comunicar comigo através de LIBRAS*.
Desconcertado, por não ter ideia do que ela estava tentando dizer, fui
auxiliado por uma daquelas mulheres. Fiquei atônito. O sorriso leve e olhar
cativante da menina também estavam presentes naquela bela mulher. “Sou mãe dela”,
me respondeu quando questionei sobre a similaridade. “Ela disse que você chamou
a atenção pois parece ser um bom homem”. Com um sorriso, agradeci.
Vi aquele rostinho iluminado
por luz própria sorrir e, com os braços abertos, me oferecia um abraço, o qual
aceitei sem titubear.
Ah! Aquele abraço. As leis da
física poderiam ser desafiadas, pois se fosse possível, tentaria parar o tempo
e o espaço naquele instante. Eu, adulto, fui completamente envolvido num abraço
gentil e inocente de uma criança. Aquele abraço apertado e sincero, conseguiu
expulsar minhas mazelas e reclamações da vida. A generosidade daquela criança
reverberava em mim através de um gesto tão simples, porém muito significativo.
Quando ela me soltou,
novamente sorriu e com gestos me agradecia.
“Eu agradeço, minha criança!”,
disse a ela com toda a sinceridade que brotava do peito. Ao seu lado, sua mãe
era só sorrisos.
Não foi acaso nem mesmo sabia,
mas tudo o que eu mais precisava naquela tarde não era organizar ideias ou
estruturar projetos, mas fazer uma caminhada rumo a um forte, generoso e
sincero abraço. Meu dia estava completo. Estava renovado e pronto.
A você, ABRAÇOS GRÁTIS. QUER O
MEU?
(*) Linguagem Brasileira de Sinais
Amei
ResponderExcluirEu quero esse abraço!!Lindo!
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