É impressionante a vastidão que encontramos nas mais diversas
redes sociais. Desde as mais simples banalidades, até as coisas mais incríveis.
Sorrisos e lágrimas se misturam aos mais variados sentimentos que brotam no
universo de conteúdo jogado lá todos os dias, incessantemente.
Outro dia, navegando por uma dessas redes sociais, me deparei
com um post que me deixou preocupado. Não havia imagem, vídeo ou qualquer outro
detalhe visual que pudesse chamar a atenção. Apenas um pequeno texto que dizia,
em outras palavras, que para seu filho possa lhe enxergar como líder, você
precisa trata-lo como cliente. O que chamou ainda mais a atenção, foram os
inúmeros comentários como: “excelente ponto de vista”, “perfeito”, e por aí
vai.
Oi? Perdi alguma coisa na educação dos meus filhos? Será que a
velocidade das mudanças está tão alta que isso passou diante de mim e não percebi?
Vejamos, tenho quatro filhos. Como pai, perco as contas de
quantas vezes digo sim e não a eles, todos os dias.
Dizer não a um cliente,
dependendo das circunstâncias, é quase perder negócios ou, até mesmo, o cliente.
Dizer não a um filho, dependendo das
circunstâncias, é garantir que não irá perde-lo.
Aos filhos, dá-se o que é necessário e preciso, nem sempre o
que ele quer.
Ao cliente, dá-se o que ele quer, mesmo que não seja preciso
e tão necessário naquele momento.
Exercer liderança nas corporações requer ser participativo
com a equipe, proporcionar e participar de workshops, treinamentos buscando alto
rendimento, reciclagem e estudos constantes entre tantos outros requisitos.
Exercer liderança com filhos requer presença, brincadeiras,
rir junto e chorar abraçado; dar um passe para que o filho ou a filha faça o
gol num parque, e sair comemorando como se fosse final de campeonato; ler
histórias para que eles possam dormir, viajar com eles nas mais inebriantes
fantasias; crescer com eles, enquanto você envelhece; saber dizer não, mesmo
que isso cause alguma dor. E garanto, fazer isso, as vezes, dói mais em nós.
É. Não perdi nada na educação dos meus filhos, nem a
velocidade das transformações contemporâneas atropelaram minhas convicções. Ainda consigo fazer distinções, diante de uma realidade tão plural.
Não sou um pai perfeito, mas uma coisa tenho certeza: não
abençoo, dou beijo de boa noite e vejo clientes dormindo nos quartos da minha
casa. Vejo futuro. Vejo meus filhos.
João Borges
Escritor - Joinville/SC
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