terça-feira, 5 de dezembro de 2017

QUANDO TE AMAR ME DÁ MEDO


"Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o que, com frequência, poderíamos ganhar, por simples medo de arriscar" - William Shakespeare

Isso mesmo, mulher. Não estávamos acostumados a encontrar mulheres reais. Essas que não se escondem atrás das submissões, que falam, decidem, tem força e coragem de sobra, sem deixar de lado o coração e sua necessidade de amar.

Eu sei, talvez esse meu jeito grosseiro ainda precisa de adaptações. Também sei que preciso de lapidação... e de ajuda para isso. Por isso, estou na torcida para que o futebol com amigos e a cerveja gelada abracem o romantismo e a poesia. Não, não quero traduzir futebol, cerveja, romantismo e poesia em masculino ou feminino. Já estigmatizamos demais nossas existências. Tirando esse estigma, acredito que você entenderá o motivo do abraço.

Ainda preciso aprender a te amar, mulher. Não aquele tipo de amor que esconde nas entrelinhas um “preciso de você”, mas o tipo que é um convite a transbordar o outro. Olhar o igual, mesmo sabendo das diferenças. Encontrar a beleza das almas que se somam numa matemática inexata.

É, mulher. Os tempos são outros. As mulheres são outras, os homens também. Você aprendeu a conquistar seu espaço. Nós, homens, precisamos reaprender.

Te amar nesse contexto, as vezes, dá medo. Encontrar uma mulher decidida, forte, corajosa é colocar uma dúvida na cabeça do homem: será que conseguirei acompanhar o seu ritmo? Por isso, faço minhas as palavras de Shakespeare: “Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o que, com frequência, poderíamos ganhar, por simples medo de arriscar”.
Não é por medo de você, mas por medo de mim mesmo. De não ser suficiente, tanto quanto necessário. Medo de arriscar e acabar perdendo. Drama? Um pouco, talvez. Prefiro acreditar que ainda falta encontrar a receita do amor próprio. Saber de onde vem essa sua garra encantadora e assim encontrar um caminho convergente.

Não pense que te desejar irá deixar de existir, entretanto te olhar de um modo diferente é necessário.

Que o desejo de uma noite passageira possa ser substituído pelo eterno desejo de noites intensas seguidas de cafés da manhã, por mais simples que eles sejam; de beijos de despedida seguidos de beijos de reencontro. Que possamos substituir o ter, pelo ser. 

Ao invés de apenas contemplar, que possamos aprender a buscar na raiz, o motivo da beleza da flor.


Com carinho

Homem



João Borges

Escritor – Joinville/SC

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