Não estou falando sobre o preço
das coisas, ou sobre indicadores da economia. Não quero falar sobre o quanto
podemos pagar pelas coisas que compramos.
Se está caro ou barato? Bem,
talvez possamos falar sobre isso sob outro aspecto: valores.
Fui educado por pessoas
extremamente simples. Não tinham formação escolar adequada. Meu pai cursou até
a quarta série do ensino fundamental. Minha mãe, até a segunda.
Apesar do pouco estudo, carregavam
em si algo que herdaram de seus pais. Fizeram questão de ensinar coisas que
hoje estão em falta no “mercado”. Sim, eles aprenderam o valor do respeito, da
integridade, da disciplina, do amor às pessoas, sob os mais diferentes ângulos.
Se estivessem na escola, deveriam
ter respeito aos professores. Se estivessem numa igreja, deveriam ter respeito
ao ambiente e a fé. Se estivessem na presença de pessoas mais idosas, deveriam
ter o respeito quase que hierárquico.
Falando assim, até parece que
eles aprenderam seus valores com as forças armadas. Não, não foi. Eles viveram
sob a tutela de pais que se faziam presentes, que corrigiam quando necessário,
que ensinavam que o processo de amadurecimento é gradativo. Cada coisa a seu
tempo.
Aprenderam as duras penas. Nem
sempre foi fácil, é verdade, mas aprenderam. Tanto, que passaram adiante tudo
aquilo que de mais nobre haviam recebido. Imóveis, carros, grandes patrimônios?
Não. O maior patrimônio que puderam juntar foi a herança do respeito aos
limites. Não dos limites que te impedem de seguir adiante. De cair e levantar
quantas vezes forem necessárias. Me refiro aos limites que precisamos ter
quando vivemos em sociedade.
É triste quando os pais
terceirizam a educação. Acham que os professores nas escolas são os
responsáveis para que as crianças aprendam respeito, disciplina ou integridade.
Acredito que a ausência dos pais seja o primeiro passo para que o respeito aos
limites, ao qual me referi antes, seja comprometido.
Parece cliché, mas a verdade é
que os pais são os primeiros educadores. Professores, pela etimologia, ensinam,
ministram. Se você não sabe o que é isso, te digo: direcionam seu filho ou
filha, num processo que inicia na infância e vai culminar num palco, vestido
com uma roupa diferente, gritando: “agora sou um PROFISSIONAL!” Na escola, seu
filho ou filha aplicam e desenvolvem o que deveriam aprender em casa. Respeito,
disciplina, integridade, enfim. Todos os valores quanto necessários para uma
boa formação humana.
É triste quando assistimos tantos
valores se perdendo e tantos outros sendo deturpados.
O que será de uma sociedade que
acha ridículo uma mãe amamentar seu bebê em local público e permite agredir
fisicamente um professor, matar um policial ou ejacular numa pessoa dentro de um
ônibus?
É, aparentemente o limite do
permitido não existe mais. O pior é assistir a tudo isso passivamente, esperando
que o milagre da autorregulação aconteça.
Lembra do “caro” ou “barato”?
Talvez nossa passividade será convertida em conceito de “caro” para nosso
futuro.
Sou cidadão e pai. Faço questão
de ensinar meus filhos, tendo por base os valores que me foram passados.
Acredito que estar presente é um dos ingredientes essenciais para deixar filhos
melhores para o mundo, ao invés de preocupar em deixar um mundo melhor para os
filhos.
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