Conversar com os filhos é uma
arte. Quem é pai ou mãe de adolescente, sabe muito bem o desafio que é.
Sim, desafio. Somos pegos de
surpresa com alguns temas que são levantados e, se você não estiver preparado,
pode entrar numa baita saia justa. Particularmente, gosto de estar preparado
para tudo, desde assuntos triviais, até assuntos mais polêmicos. Tudo pela
formação intelectual sem barreiras e livre para tomar seus posicionamentos,
diante de um mundo tão diferente daquele que vivi quando tinha a idade deles.
Dias atrás fui abordado pelo meu
filho mais velho. No auge dos seus 16 anos, ele fala sobre os temas de redação
que aparecem em sala de aula. Alguns temas se destacam pela polêmica, o que me
deixa, de certa forma, feliz. Minha felicidade tem explicação. Os alunos na
faixa etária a qual ele faz parte, precisam estar inseridos nos temas polêmicos.
Eles serão os formadores de opinião de amanhã. Eles estarão atrás das mesas, “caneteando”
nosso futuro e construindo, queira Deus, algo melhor daquilo que estamos
construindo hoje. Tudo vai depender da forma como os orientamos e conduzimos.
Dizia ele que estava prestes a
sugerir um tema para ser escrito numa redação, em conjunto com os demais
colegas: amamentação em locais públicos. Confesso que um sorriso brotou em meus
lábios, pois tenho uma opinião formada a esse respeito. Questionei qual seria a
opinião dele. Ouvi uma resposta um tanto quanto vaga, o que me fez perceber que
ainda não estava completamente seguro quanto ao tema. Antes de dar minha
opinião, fiz questão de deixar claro que era algo o qual eu acredito e defendo,
o que não significa que ele precisaria necessariamente seguir.
Para começar a reflexão, fiz algumas
perguntas: quando vamos a restaurantes, lanchonetes ou bares, somos
enclausurados em cabines individuais para esconder o ato de nos alimentar? Se
isso não acontece, pois somos adultos o suficiente para aguentar o mastigar do
vizinho de mesa, por que esconder o ato de uma criança em captar aquilo que, na
maior parte das vezes, é sua única fonte de alimentação? Quem nunca comeu
aquele lanche no meio da rua num momento de pressa ou sentou numa mesa de
restaurante colocada em local aberto, onde era possível assistir alguém se
alimentando?
O fato de uma mãe ter que abrir
parcialmente sua roupa para que seu seio possa ser alcançado pelo filho,
incomoda um grupo de pessoas que simplesmente erotiza o abrir a roupa. Onde
está no “nojinho” nisso? Que pena. O sublime escapa aos olhos.
Difícil viver num mundo que
assiste erotismo aberto em programas de TV achando isso a coisa mais normal do
mundo e, de forma hipócrita, erotiza o ato de amamentar.
Fechemos nossos restaurantes,
lanchonetes e bares! Alimentar em público? Jamais! Se essa não é nossa
bandeira, então precisamos ser, no mínimo, coerentes.
Meu filho deu uma excelente
oportunidade de escrever. O que ele pensa a respeito? Ainda não sou conclusivo
quanto a isso, mas independentemente do que seja, incentivarei a defender seu
ponto de vista com coerência e retidão. Afinal, podemos ser até divergentes de
ideias, mas seremos sempre pai e filho.
João Borges
Escritor - Joinville
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