sexta-feira, 25 de agosto de 2017

CONVERSAR É UMA ARTE


Conversar com os filhos é uma arte. Quem é pai ou mãe de adolescente, sabe muito bem o desafio que é.

Sim, desafio. Somos pegos de surpresa com alguns temas que são levantados e, se você não estiver preparado, pode entrar numa baita saia justa. Particularmente, gosto de estar preparado para tudo, desde assuntos triviais, até assuntos mais polêmicos. Tudo pela formação intelectual sem barreiras e livre para tomar seus posicionamentos, diante de um mundo tão diferente daquele que vivi quando tinha a idade deles.

Dias atrás fui abordado pelo meu filho mais velho. No auge dos seus 16 anos, ele fala sobre os temas de redação que aparecem em sala de aula. Alguns temas se destacam pela polêmica, o que me deixa, de certa forma, feliz. Minha felicidade tem explicação. Os alunos na faixa etária a qual ele faz parte, precisam estar inseridos nos temas polêmicos. Eles serão os formadores de opinião de amanhã. Eles estarão atrás das mesas, “caneteando” nosso futuro e construindo, queira Deus, algo melhor daquilo que estamos construindo hoje. Tudo vai depender da forma como os orientamos e conduzimos.

Dizia ele que estava prestes a sugerir um tema para ser escrito numa redação, em conjunto com os demais colegas: amamentação em locais públicos. Confesso que um sorriso brotou em meus lábios, pois tenho uma opinião formada a esse respeito. Questionei qual seria a opinião dele. Ouvi uma resposta um tanto quanto vaga, o que me fez perceber que ainda não estava completamente seguro quanto ao tema. Antes de dar minha opinião, fiz questão de deixar claro que era algo o qual eu acredito e defendo, o que não significa que ele precisaria necessariamente seguir.

Para começar a reflexão, fiz algumas perguntas: quando vamos a restaurantes, lanchonetes ou bares, somos enclausurados em cabines individuais para esconder o ato de nos alimentar? Se isso não acontece, pois somos adultos o suficiente para aguentar o mastigar do vizinho de mesa, por que esconder o ato de uma criança em captar aquilo que, na maior parte das vezes, é sua única fonte de alimentação? Quem nunca comeu aquele lanche no meio da rua num momento de pressa ou sentou numa mesa de restaurante colocada em local aberto, onde era possível assistir alguém se alimentando?  

O fato de uma mãe ter que abrir parcialmente sua roupa para que seu seio possa ser alcançado pelo filho, incomoda um grupo de pessoas que simplesmente erotiza o abrir a roupa. Onde está no “nojinho” nisso? Que pena. O sublime escapa aos olhos.

Difícil viver num mundo que assiste erotismo aberto em programas de TV achando isso a coisa mais normal do mundo e, de forma hipócrita, erotiza o ato de amamentar.

Fechemos nossos restaurantes, lanchonetes e bares! Alimentar em público? Jamais! Se essa não é nossa bandeira, então precisamos ser, no mínimo, coerentes.

Meu filho deu uma excelente oportunidade de escrever. O que ele pensa a respeito? Ainda não sou conclusivo quanto a isso, mas independentemente do que seja, incentivarei a defender seu ponto de vista com coerência e retidão. Afinal, podemos ser até divergentes de ideias, mas seremos sempre pai e filho.


João Borges

Escritor - Joinville 

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