Hoje acordei com aquela
sensação de que nem deveria ter acordado. Sabe aqueles momentos em que você
olha em volta e percebe que nada faz sentido? Tudo na vida parece estar dando
errado. Não faz sentido tentar, tentar, tentar e não conseguir resultado.
Tudo
e todos parecem estar contra mim. O que fiz de errado? Bom, isso agora não
importa. Quero dar um fim a isso tudo.
Assustador, não? Mas a verdade
é que o desânimo bateu a porta e, por N motivos, resolvi abrir. Esse foi o início
de um processo que foi crescendo dentro de mim e ninguém percebeu. Nem eu
percebi. Quando me dei conta, já não conseguia mais controlar.
Ao mesmo tempo em que o
desânimo fazia companhia em meu café da manhã, outra voz - que mais me
lembravam aqueles desenhos animados onde um anjo e um demônio, um a cada lado
do personagem, davam conselhos – me dizia da importância de continuar lutando.
Fiquei um tempo ali, sentado à
mesa, refletindo uma pergunta: e se esse agora fosse meu último momento? Daria uma
chance para eleger algo que fosse a última coisa a fazer antes do último
suspiro?
Um último abraço, último
beijo, último encontro, último sorriso, o último livro a ser lido, um último
passeio no campo ou praia, o último pôr do sol, o último jogo de futebol, um
último encontro com a família, a última viagem para curtir um descanso ou
visitar amigos distantes, um último banho de chuva, ou um último momento de
sentir uma brisa tocando o rosto, um último passeio de bicicleta, uma última
caminhada ou, quem sabe, a última taça de vinho.
Difícil pensar em tanta coisa
boa e eleger uma, para ser minha última ação. Quem sabe possa listar e
organizar por prioridades. Mas será que dará tempo de fazer tanta coisa antes
do meu último suspiro? Afinal, quando será esse último suspiro? Por que tem que
ser agora?
É, nem tudo parece ter perdido
o sentido. Com tanto a ser feito, meu desejo é que esses últimos desejos, na
realidade, sejam os primeiros.
Que seja uma imensa lista de
coisas a serem feitas em preparação ao que pretendo deixar como legado.
Interromper essa lista é que não faz sentido.
Se você, que está lendo este
texto, sentir esse “desânimo” e achar que nada mais faz sentido, procure ajuda
profissional. Vale a pena viver com tanta coisa boa para aproveitar. A vida faz
sentido quando dou sentido a ela. Seja diferente, dê boas razões a você mesmo para
viver.
Viva muito e intensamente, mas
VIVA!
Singela homenagem ao SETEMBRO
AMARELO, trabalho desenvolvido pelos profissionais de saúde mental na prevenção ao suicídio.
João Borges, escritor
Joinville/SC
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