“A força não provém da
capacidade física. Provém de uma vontade indomável” (M. Gandhi)
Quando percebemos o que temos guardado dentro de nós, nos
surpreendemos. Isso é fato.
Encontramos determinadas situações em nossa vida que nos
levam a questionar o quanto somos merecedores daquilo, porque tanto sofrimento,
se vamos conseguir superar tantas adversidades,... São tantos os
questionamentos, que acabamos sufocando o que realmente é importante.
Tenho muitas lembranças carinhosas do meu pai adotivo. Uma
delas foi quando ele participou de um programa chamado “Olha o Peixe”. Não vem
ao caso explicar a dinâmica do programa, mas sim as caminhadas que fazíamos
entre nossa casa e o galpão da igreja onde era realizado esse trabalho.
Lembro das inúmeras perguntas que fazia, muitas delas sem
muito sentido, assim como qualquer criança o faz quando quer puxar assunto com
seu pai ou sua mãe, nem que seja para saber quantas formigas existem no mundo,
ou se ele já tentou contar quantas estrelas existem no céu. Meu pai, pessoa de
origem humilde e praticamente sem formação escolar, dotado de uma paciência que
parecia não ter fim, tentava me explicar, ao seu jeito, que algumas perguntas
não haviam respostas exatas. Eu mal sabia que aquele homem de cabelos grisalhos,
olhos azuis e pele marcada pelo trabalho duro da roça, passava por momentos muito
difíceis. Talvez ele não tenha conseguido sair dos problemas da maneira como
gostaria, mas não foi por falta de vontade, muito menos por falta de força. De
fato, a vida nos faz perguntas sem respostas exatas, não é mesmo?
Meu pai não deixou herança material. Isso me ensinou que o “ter”
é passageiro. Entretanto, deixou o melhor legado que eu poderia receber: a
vontade indomável de descobrir que sou forte e capaz de realizar coisas surpreendentes.
Isso ensina que o “ser” é importante e duradouro.
Que eu tenha sabedoria suficiente para ensinar aos meus
filhos sobre as dificuldades que a nossa existência enfrenta e que, apesar de
algumas vezes não termos respostas exatas, somos dotados de vontades indomáveis
e capazes de transformar.
Preciso fazer caminhadas com meus filhos e tentar responder
as inúmeras perguntas deles, mesmo que sejam sem muito sentido...
João Borges – Escritor
Joinville/SC
Boa, João. Sabemos que ser pai é o exercício diário da resiliência. Por isso, vale a pena.
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