quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

MEU MELHOR AMIGO É O MEU AMOR



Se na medicina fosse possível fazer o diagnóstico do amor, seria necessário um bom exame de imagem para saber se lá dentro existe a amizade. Sim, ela mesma. A amizade. E a correlação entre os dois deveria ser quanto maior, melhor.

Na juventude, somos capazes de compartilhar nossos sonhos, defeitos, alegrias, imperfeições, vitórias e até os mais íntimos segredos com grandes amigos ou amigas, mas incapazes de fazer o mesmo com nossos pais. E se perguntados sobre o porquê disso, talvez tenhamos certa dificuldade em responder.

Na vida adulta, é possível que o mesmo venha a acontecer com aquela pessoa que você resolveu se relacionar. Por quê? Porque não aprendemos o suficiente sobre o MEU AMOR. Aquele que depositamos sobre nós mesmos. Fazer valer a letra da música que diz: “Meu melhor amigo é o MEU amor”. Esse mesmo. O meu. Aquele que dou a mim mesmo. O tão dito amor próprio. O mesmo que diz o quanto sou amigo de mim. Sem ele não há um “nós”. Quando aprendemos sobre isso, a vida acontece.

Se fosse dar um conselho, diria: tenha uma amizade sólida com aqueles que você insiste dizer que ama. Se tudo der errado no relacionamento, pelo menos haverá uma boa amizade a ser preservada.

Seja capaz de compartilhar tudo de você com aquela pessoa que você resolveu multiplicar sonhos e potencializar realizações. Se não for possível, meu amigo, algo deu errado e será necessário rever suas escolhas.

Amor não é degrau mais alto da amizade. É complemento dela. Bonito encontrar casais que são grandes amigos. Ao perguntar se são namorados, serão capazes de responder: também somos.

Amizade é valorizar cada instante. Aquele beijo roubado, aquela flor solitária numa despretensiosa quinta de manhã, aquele inesperado café na cama ou aquele carinho nos cabelos feitos durante uma troca de olhares.

Não há carro do ano, uma gorda conta bancária, cobertura de frente para o mar ou aquele iate ancorado que dirá o tamanho da amizade. Talvez até ajude, mas a ausência disso tudo – e mais um pouco – talvez diga muito mais.

E se no relatório do tal exame de imagem viesse a conclusão: amizade imperceptível, poderia diagnosticar: chame do que quiser, menos de amor.


João Borges
Escritor – Joinville/SC

Nenhum comentário:

Postar um comentário

PERDI A CONTA

  Eu já perdi a conta das vezes que tentei te descrever. Faltou vocabulário. Faltaram adjetivos. Sobraram qualidades em meio aos defeitos...