O pescoço doía muito. Aí eu
parei de usar roupas apertadas, troquei de cadeira, comprei cintas ortopédicas,
fiz yoga, pilates, fui a quiropraxistas e médicos de todos os tipos, mas a dor
continuava. Peso, carga, incômodo que não me deixavam dormir e as vezes até me
custava a respiração.
E então? O que você fez?
Uma sábia mulher me disse que
era porque carregava demais, há muito tempo.
Como é que ela sabia disso?
Só de olhar para a minha
coluna tensa e comprimida, sentir com o toque daquelas mãos que carregavam as
marcas da idade, na minha pele nua, ela soube.
E então? O que ela te disse?
Disse... Tantas pressões que
carregou com o passar dos anos. Tanta dor e ressentimento que perdeu a conta.
Carrega o próprio peso do mundo e o peso do mundo alheio.
E aí eu expirei todo o fôlego
que estava trancado há mais de duas décadas.
Ela disse como te curar?
Ela segurou as minhas mãos e
fez baixá-las. Pediu para soltar os ombros, levantou meu queixo e se encostou
atrás de mim. Próximo ao meu ouvido sussurrou suavemente:
“Nem tudo é culpa sua. Nem
tudo é sua responsabilidade. Você não pode fazer tudo. Você não pode resolver
tudo. Você não precisa aceitar tudo.”
E então meus olhos começaram a
soltar lágrimas grossas como cristais quebrados. Houve um momento em que pensei
que choraria sangue, de tanta dor que estava sentindo.
Pouco a pouco meus ombros
voltaram ao lugar. Meu pescoço ficou macio e se levantou novamente. Minhas
costas se ergueram como há anos não acontecia e ouvi meus ossos emitirem um som
crocante e assustador.
O peso do mundo tinha descido
dos meus ombros. O peso das dores do passado tinha finalmente descido ao piso e
a partir de então seria usado com degrau.
Ela te disse mais alguma
coisa?
Há dores que carregamos no
coração e essas não há como tirá-las facilmente. Aprenda a soltar o passado ou
acabará afogando o seu futuro. Também compreenda que a falta de perdão machuca mais
aquele que ressente.
Texto adaptado. Autoria
desconhecida.
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