sexta-feira, 5 de março de 2021

GRITO DA ALMA

 


Sigo vivendo em ritos.

Cresci, aprendi e assim me mantenho. Até quando os ritos serão minha maior prisão?

A ordem, tão necessária, me afasta do extraordinário.

Viver é preciso, mas viver aprisionado não é viver.

Seria viver, morrer um pouquinho todos os dias?

As gotas suaves da morte são insípidas e carregam doses de pequenas dores. Aquelas que se suportam nos silêncios diários. Que escorrem nas lágrimas que se misturam na água quente do banho. As mesmas que são escondidas atrás de sorrisos abertos e olhares fechados.

Meu grito não está entalado na garganta, mas no profundo da alma, onde raramente alguém ouve.

Por que insistir no uso das correntes que tanto machucam? Será impagável o preço da liberdade?

Quero sentir o doce sabor da independência. Sair da zona de desconforto.

Me ajuda, Poeta Maior! As palavras acalentam, mas não bastam em si. Preciso de um abraço de quem não pode me abraçar. Do carinho de quem não posso alcançar. Preciso das virtudes do tempo e do tempo exato das virtudes.

Preciso deixar a luz da lua na poesia e voltar a ser sol. Sucumbir o grito da alma com o peso da paz e assim voltar a sentir a vida correndo nas veias.

Meu grito de hoje é voltar a ser eu.

 

JOTA B


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